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A NARRATIVA

O trabalho com a narrativa tem tempo grande. As primeiras sensações (pois o de tudo princípio está nesse âmbito - sensorial) são do ouvir, do absorver e tentar compreender por que caminhos se construíam essas linhas, essas vozes narrativas. De começo era isso, ouvir história! Ouvir e imaginar, imaginar e guardar para recontar.

Histórias de comidas e gentes, de heróis e heroínas, de jecas e jacus, de bichos e criaturas, de encantamentos e assombrações. Rios, montanhas, árvores e animais que estavam a minha volta. O quintal era grande e comportava tudo e todos: dentro ou fora d’água, nesse ou em outro planeta, reis e rainhas, neve e vulcões. Tudo aquilo que os livros traziam era meticulosamente transposto para o terreiro da quinta. De grande, já adulto, para passar de escutador para (também) narrador foi um susto bom. Mas também um presente desses que se recorda e nos faz vivo todos os dias.

 

Nos trabalhos e criações, hoje em dia, no dia-a-dia mesmo, há (talvez) somente um outro elemento que está lado a lado com a narrativa: a marioneta. Mas essa é uma daquelas questões que se adora resolver, um daqueles quebra-cabeças que se avança aos poucos e aos sorrisos. No fim das contas esses dois elementos, essas duas paixões, de encontro tão potente, se integram já em finas e profundas camadas e me são pura inspiração.

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